segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Merdas da Vida


...a sensação é de que a merda se juntou. Tomou aquela forma de bolo fecal após nutrir meu organismo e agora, finalmente, saiu!
E tenho que admitir que saiu e saiu FEDENDO!
Aliás, mais do que fedendo... é tanta merda que acumulei ao longo da vida que me dou ao luxo de mais uma fétida analogia: Saiu como se eu tivesse travado o rabo guardando todo esse cocô, que explodiu como uma panela de pressão! Espalhando merda pra tudo o que é lado!
Não... não se preocupem aqueles que estavam presentes nos primeiros capítulos da formação da merda: O Processo de Alimentação. Quem escolheu a dieta fui EU!
Os almocinhos e jantarzinhos, até cafézinhos da manhã e sorvetinhos depois do cinema.
Afinal, precisava me alimentar de alguma coisa... toda essa merda vem de algum lugar!
Bom, deixando de lado os nutrientes celulares de meu organismo (que depois viraram merda), ater-me-ie ao fato de que DEU MERDA!!
E é exatamente nesse ponto em que percebo a importância de tamanha merda. Mesmo que fedida e espalhada.
Durante o tempo de condensação, reflexão, digestão, ou seja lá o nome que essa merda deva levar, acabei me dando conta de que A MERDA FAZ PARTE DA VIDA!!!
Precisamos é defecar os excessos! Excretar os insumos desnecessários!
Excessos engordam e estouram artérias enquanto os insumos desnecessários atrapalham na digestão do que é realmente útil.
...é claro que podemos exagerar pra suprimir a existência da merda, mas até assim (e inclusive exatamente assim) que ela fica maior e mais danosa.
Contemplando todo esse cocô, vejo que só a consciência do cocô simplesmente não basta se nada fizermos com ele. Virar a cara pra bosta não vai fazer com que feda menos! A merda continua fedendo se não limpar!!
E qual é o problema da merda??
Todo mundo caga, e caga pra caramba!
Triste aqueles que passam a vida trancando a própria merda ou até mesmo fingindo que nunca ficaram com a mão amarela de peidar na hora e lugar "errados". Cocô guardado apodrece e mata de dentro pra fora, e peido não peidado dá gases! Eu pelo menos tenho cólicas homéricas se não peidar...
Isso, além daqueles que passam a vida limpando a merda dos outros. Às vezes precisamos ser egoístas e cuidar da nossa própria merda, para que essa não venha a ser cagada toda vez no banheiro dos outros (de vez em quando tudo bem, mas toda a hora é sacanagem!). Cuidar da merda dos outros é muito útil pra não ter que olhar e sentir o aroma da própria bosta... é tão autruísta quanto o suicídio.
Desse merdalhal espalhafatoso inevitavelmente alguns sentem o cheiro, e tem até os mais próximos que se dispõem a ajudar a limpar.
O mais louco disso tudo é que nesse contato proporcionado pela Merda (que agora já leva letra maiúscula por se tornar um entidade), nos humanizanos.
Percebemos que apesar de meu cocô ser mais marrom e de toda a repulsa que as merdas da vida geram, é tudo merda! Se é merda, já serviu de alimento pra alguém, em algum momento.


Da próxima vez, ao invés de colocar a merda numa panela de pressão, vou procurar utilizá-la de adubo para meu jardim. Na pior das hipóteses vai fazer com que as flores sejam mais fortes.

Até certo ponto, simplesmente nos alimentamos. A partir de certo ponto, tomamos consciência do que nos faz bem e do que nos faz mal, e ESCOLHEMOS ingerir.
Aprendi que de fato e inevitavelmente, cagamos!


...merda sempre vai ter.


O importante é o que a gente faz com elas!

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Minha Ode ao Amor


És Mestre por conectar-me comigo mesmo.

Te tornaste instrumento de ampliação da consciência,

Mesmo que o fazendo através da dor.


És o Carrasco que rasga-me a carne e disseca a beleza.

Com tua foice, eviscera-me;

Desentranha-me ilusões.


Sedutoramente envenena-me de subterfúgios, a consciência.

No suor expelido, o antídoto.

No sabor férreo, o humano.


Fiz-lhe Mestre, Carrasco e Serpente,

Dotei-te de imenso poder.


Agradeço-lhe a competência,

E vivo as consequências das transformações que me proporcionou.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Expondo-me


Nietzche dizia que para se conhecer a verdade é necessária uma auto análise psicológica.

Dizia que mesmo os grandes filósofos cometiam erros, e estes, devidos à ignorância quanto as próprias motivações pessoais, de modo que a verdade se dá através do total conhecimento de si mesmo.

Esse é uma trabalho que se torna possível somente retirando-se do contexto costumeiro, para então examinar-se à distância.


Percebo cada vez mais que essa distância me coloca na posição de observador.


Li uma frase de Osho que traz esse mesmo entendimento sobre a auto percepção, pela exposição de si para si próprio:

"Se se expõe, o irreal morre pois não consegue viver descoberto. Só pode perdurar em segredo, na escuridão.


Tenho praticado minhas buscas pelas verdades através do confrontamento.


Acordei cedo com muitos pensamentos me inundando e turvando aquela sensibilidade costumeira de uma manhã de sono bem dormido.

Em um devaneio fui levado há anos atrás, quando ainda não tinha tantos papéis assumidos nem tantas falsas obrigações para comigo mesmo.

Vi que antes trilhava um caminho de verdades, mas a falta de referências, o excesso de carência infantil e a demasiada exposição ao banal convergiu em um conformismo convencionalista que me levou a vestir máscaras e assumir papéis que não eram meus...

Acabei vivendo muito bem o cinema com seus falsos heróis e romances idealizados. Nutria a postura rebelde e (auto) sabotadora... o anti sistêmico.

Me perdi e então me restou somente me reencontrar.

Me reencontro me auto expondo em confrontamentos com minhas pseudo seguranças e minhas fortalezas de baralho. Me observando consigo me deparar com o real tamanho de mim mesmo... encaro meus demônios nos olhos...

Essa dimensão é diretamente proporcional ao meu potencial de crescimento diante da nudez das verdades, e se engrandece com minha vontade de entrega e aceitação de mim mesmo como a totalidade inserida na simplicidade de somente o que sou.

Sinto então a plenitude da verdade, e me coloco, dessa forma, em contato com o divino.


quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Gotas de Lágrimas


...percebo que o tempo ainda tem feridas pra curar, e que nada me cabe fazer diante de sua magnitude.
Me deparo com sensações incomodas, mas que me amadurecem e me fazem enxergar as maravilhas de crescer dessa forma, mais consciente.
Caminho no meu tempo, tropeço em muitas pedras,
Hoje sei que todas vão me servir pra construir meu castelo, como diria Fernando Pessoa.
Olho pra trás sem pesares e sem arrependimentos,
Evito a visão crítica, as versões penosas e doloridas, não deixo de lado as dificuldades dessa jornada. Foram essas dificuldades que me ensinaram as lições mais valiosas... Minhas pedras preciosas.
Hoje vejo que o quanto me machuquei, machuquei também as pessoas que amava.
Já chorei por essas dores, mas de nada bastam as lágrimas, se delas não brotarem novas formas de amar, a mim, e aos feridos.
Busco a disciplina para aceitar a total falta de controle sobre a vida...
Às vezes pensar que temos controle de alguma coisa traz segurança e um certo conforto com as coisas do jeito que são.
Não me esqueço da responsabilidade que tenho para comigo mesmo, desde minha forma de pensar e sentir, até a maneira que esses sentimentos e pensamentos se expressam na minha vida e o poder que isso pode ter na vida das outras pessoas.
Não me esqueço da responsabilidade que têm as outras pessoas...
Lembro-me de ser responsável pelos meus atos, pois a irresponsabilidade até hoje só me trouxe decepções.
Percebo que o grande culpado pelas decepções da vida sou eu mesmo, com minhas vaidades e questões mal resolvidas,
a acima disso, descubro que está em mim o reencontro com carinho necessário para aceitar, também, que os erros que muitas vezes nos levam a infelicidade, são os que nos fazem abrir os olhos para poder reparar em nossas falhas, e então podermo-nos transmutar.
Somos os grande professores de nossa jornada,
Aplicando nossos aprendizados em nossa vida real...
Cada jornada é escrita de forma muito particular,
...aprendi que as particularidades não são cabíveis de julgamentos, pois somente o tempo sabe dosar cada gota de lágrima necessária para que as dores se tornem libertadoras, e os sorrisos bênçãos de nossa própria plenitude.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Tenho dormido tarde...

Depois que me acidentei meus horários têm mudado drasticamente. Penso que se deve ao fato de eu ser um cara bem ativo na normalidade, e que dado ao fato de não ter mais despendido toda minha energia ao longo do dia, acabo a acumulando e a gastando nos períodos noturnos.
Estranho como essa forma de gastar energia vem acontecendo,
Tarde da noite, quando a TV já não tem mais programação, os filmes não interessam e os livros não são mais assimilados. Quando ainda não acordaram os pássaros e o sol se espreguiça lá longe pra subir no horizonte, tento me induzir ao sono.
É quando já não mais tenho pra onde escapar que me reencontro com o silêncio. Silêncio esse que me leva a entender um pouco melhor o Zen, a meditação... A dança sem graça dos orientais e suas artes introspectivas. Arco e a flecha sem a competitividade ocidental.
Tomo-me de tanto silêncio que consigo notar quanto barulho há dentro de mim.
Trago então à consciência, após a labuta noturna de vencer o silêncio dos meus barulhos, o paradoxo criado na razão se fazendo pela percepção emocional de mim mesmo, a distância que há entre o que sou pra mim, o que sou pra você, e o que sou de verdade.
Hoje aprendi a direcionar meu foco.
Aprendi a direcionar meus pensamentos e isso vai ser de grande valia se conseguir aplicar na prática, que afinal é o que importa.
Me dei conta de que por mais que compreenda a plenitude oriental na habilidade do uso de seus valores como linhas guias da conduta humana, sou acidental.
Criei padrões ao longo desses meus vinte e sete anos embasados na genealogia da futilidade, impregnados pelo convencionalismo e na obtenção de soluções rápidas e ineficazes no que diz respeito à minha própria evolução quanto ser humano... O materialismo suprindo meus conformismos e a fugacidade suprimindo meu silêncio.
Hoje é sexta feira... Na verdade, madrugada de sábado.
Começou a passar “Into the Wild – Na Natureza Selvagem” no telecine...
Nada acontece por acaso, afinal.
Cedo então ao barulho novamente, mas dessa vez, consciente da direção... Vivo nesse mundo mas na minha realidade.
Pratico então meus devaneios filosófico existenciais, numa simples auto demonstração consagrada pela beleza simples do universo.
Medito em minha ocidentalidade, tentando mais uma vez ser o arco, a flecha e o alvo.
Às vezes vale a pena dormir tarde.
Adoro esse filme e adoro essa música...

“When you want more than you have, you think you need.
And when you think more than you want, your thoughts begin to bleed.
I think I need to find a purer place,
Cause when you have more than you think, you need more space.
Society, you’re crazy breath,
Hope you’re not lonely without me.”

Eddie Vedder – Society


Eddie Vedder - Society - Into the Wild Soundtrack